terça-feira, 5 de março de 2013

Professor, com orgulho, apesar de tudo!!!


ESCRITO POR SERGIO BEZERRA    
            


Infelizmente, alguns profissionais externam, na imprensa, suas opiniões sobre os professores das escolas públicas sem conhecer a verdade.

Comecemos pelo seguinte: os professores com nível superior, tanto do estado do Ceará (SEDUC) como do Município de Fortaleza (SME), têm, como salário inicial, para uma jornada de 40 (QUARENTA) horas semanais, ou seja, dois turnos, R$ 2.444,92 (dois mil, quatrocentos e quarenta e quatro reais e noventa e dois centavos) no Estado e R$ 2.136,96 (dois mil, cento e trinta e seis reais e noventa e dois centavos) no Município de Fortaleza.

É bom lembrar: os duzentos (200) dias letivos DOS ALUNOS, determinados pela Lei 9.394/96, LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que os professores das escolas públicas passaram a cumprir desde 1997; pelas Constituições Federal e Estadual; pelos  Estatutos do Magistério do Estado do Ceará e do Município de Fortaleza garantem 45 (quarenta e cinco) dias de férias para os professores (30 dias após o primeiro semestre letivo e 15 dias no término do ano letivo); e os 30 dias que os alunos têm direito para recuperação, caso não obtenham aprovação durante o ano letivo.

Em seguida informo que, como existem 52 sábados e 52 domingos, e como, no ano de 2013, teremos 10 feriados em dias úteis, se somarmos estes dados iremos observar que os PROFESSORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS terão de cumprir uma jornada de trabalho de 389 (TREZENTOS E OITENTA E NOVE) dias num ano civil de 365 dias. Quem explica isto?

Diante das informações acima vou relatar os prejuízos para os alunos. Primeiro: os professores têm de trabalhar os três turnos para ter um salário que garanta um pouco de dignidade para si e para sua família; Segundo: os professores precisam de tempo para planejar suas aulas, porém não encontram esse tempo devido à grande jornada de trabalho (muitas vezes em 3 ou 4 escolas ao longo do dia); Terceiro: o número excessivo de alunos nas salas de aula prejudica o rendimento escolar (salas com até 45 alunos no ensino fundamental e de até 60 alunos no ensino médio!); Quarto: Segundo pesquisa do DIEESE/APEOESP, este o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, sobre a saúde dos professores constatou-se que 79,7% dos professores se queixam de cansaço; de nervosismo, 61,1%; de problemas de voz, 57,1%; de dores nas pernas, 56,3%; de ansiedade, 55,2%; de dores de cabeça, 53,9%; de fadiga/cansaço, 52,1%; além de dores de coluna, esquecimento, dores musculares, angústia, dificuldade de enxergar, sonolência, dores nos braços e cansaço visual, com 39,4%.

Os Professores do Estado do Ceará não são diferentes dos professores de São Paulo; Quinto, que o instituto de saúde dos professores do Estado do Ceará dá direito apenas a uma consulta por família no mês e, na Prefeitura de Fortaleza, apenas duas consultas por família ao mês; Sexto, que só nos dois últimos anos mais de 4.000 professores solicitaram aposentadoria e existem mais de 9.000 contratos temporários no Estado e 3.000 no município de Fortaleza.

Informamos ainda que os professores trabalham três turnos porque ganham mal e ganham mal porque a Lei do Piso Salarial, hoje no valor de R$ 1.567,00 é adotado pelos entes federados somente para os professores de nível médio no início de carreira e não repercutindo nos demais níveis.

Um professor que leciona Filosofia, por exemplo, cuja carga horária é de 1 hora-aula, por turma, terá de ministrar, por semana, a sua aula em 32 turmas. Como cada turma tem, em média, 40 alunos teremos aí um número de 1.280 (HUM MIL E DUZENTOS E OITENTA ALUNOS) por semana! Se o trabalho do professor fosse realizado em apenas uma escola, tudo bem, MAS... estas aulas são distribuídas em 3 ou 4 escolas! Um profissional, no caso o do Magistério, que está continuamente em contato com milhares de alunos está mais suscetível a doenças, e, como no momento, está ocorrendo um rotavírus será que nenhum professor adoecerá? Como se esta já não fosse uma situação para lá de dramática, quando existe a intercorrência de um rotavírus um grande número de professores, e também de alunos, adoece! - já que as salas de aula, além de já superlotadas, são quentes e sem ventilação.

É grande a desistência dos professores efetivos e temporários em continuar no magistério: Consulte-se o Diário Oficial do Estado e do Município de Fortaleza, e verifique a situação.

Em pesquisa realizada entre os países da America Latina sobre a qualidade da educação, o Brasil superou apenas o Haiti na América Latina. O que nos tornou diferente dos demais países é que, no Brasil, as escolas têm apenas um turno, todos os demais países possuem escolas com dois turnos.

O problema da educação no Brasil é querer competir com os demais sem oferecer uma escola de tempo integral, e o governo fica iludindo a sociedade fazendo promessas que não são cumpridas e transferindo responsabilidades para os professores e profissionais da educação, que são vítimas, nunca algozes.

E só lembrando: hoje o Brasil ocupa a 83º entre 134 países pesquisados no mundo.

Porém, apesar de tudo, eu sou professor; e estou fazendo a minha parte! E acredito nos profissionais da educação e em nossos alunos!

Prof. Sergio Bezerra e Silva Neto
Secretário para Assuntos Jurídicos do Sindicato APEOC
E-mail: sergiobsneto@yahoo.com.br.

Fonte:apeoc

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