domingo, 28 de abril de 2013

As fronteiras e a educação





No limiar de um novo ano letivo que se inicia na rede municipal, nos deparamos com pequenos e velhos problemas que já fazem parte da rotina de educadores, educadoras e trabalhadores de educação: o velho e estressante  remanejamento de turmas, escolas , professores e alunos. Remanejamento esse que volta a atormentar os nossos educadores como se fosse aquele velho fantasma que cisma em infernizar a vida daqueles que embora vivos, sabem que tem como sina o enfrentamento com o além da incerteza da desconsideração, e principalmente da falta de vontade de reconhecer o educador como uma célula importante no corpo da construção de uma nova cidade, de um novo país, de um novo mundo. E para não ser diferente do que tem sido há vários anos, conseguimos novamente alcançar picos de estress nunca antes alcançados.

Em primeiro lugar tivemos um processo de lotação que conseguiria tirar do sério e da passividade até o mais doutrinado monge budista do Tibet, numa situação em que professores demonstravam a toda a sociedade, infelizmente não a que necessita de escola pública, como são tratados os nossos profissionais, e aqui não me refiro àqueles que ali trabalhavam tentando contornar a situação, visto que muitas vezes nem eles mesmos conseguiam saber o que fazer, já que tinham que iniciar o seu trabalho, com um fila quilométrica que contornava o NAP e fazia relembrar as velhas sessões do filme dos trapalhões no  Cine São Luiz; em segundo, o presente de grego oferecido com carinho aos que tiveram os seus salários bloqueados, embora estivessem afastados legalmente pela outra gestão para cumprir estudos e ou trabalharem em outros locais e pra finalizar a surpresa daqueles que trabalhavam a noite e seriam logo em seguida, contemplados com o afastamento das suas escolas de origem, dos seus cargos e de suas comunidades.

No momento em que poder público ostenta a o seu despreparo para gerir a segurança pública de nossa cidade, nós, professores e os alunos do município fomos surpreendidos por estratégia elaborada pela Secretaria Municipal de Educação, com a criação de núcleos pra que todos aqueles que ali residissem ou trabalhassem na periferia das comunidades tivessem que se encaminhar pra um Escola Núcleo.

Não queremos aqui exaltar o monstro da iguinorância ou da fraqueza, inerentes aqueles que são opositores e radicais com relação às mudanças, mas sim apontar as dificuldades que pais, professores e alunos estão enfrentando no momento em que precisam se deslocar da proximidade de suas casas para enfrentar os “perigos da esquina” como dizia Belchior, em sua canção falando da violência que  já naquela época enfrentava o nosso país e que faz a nossa cidade ficar  nesse momento, no vergonhoso 13º lugar quando o assunto é insegurança no mundo todo.

Numa cidade, em que o poder público deixa de cumprir o seu papel, presenteia-se com um cheque assinado e em branco, aqueles que pertencem a o mundo do crime e que farão como autoridades, a seleção daqueles que podem ou não trafegar em suas ruas e becos, dificultando a vida do jovem ou do trabalhador que muitas vezes, fazendo a opção pela vida, desanima ao perceber que ao se dirigir a escola e ao enfrentar uma comunidade que lhe é estranha se torna um alvo vulnerável àqueles que hoje estão a serviço do mal.  

O papel da escola pública é o de servir e se tornar um veículo de parceria para a comunidade a que se destina e não um sonho inatingível embora se encontre a alguns quilômetros de distância da casa daqueles que mesmo tragados pelo infortúnio da vida tentam desfazer uma realidade e uma situação que muitas vezes lhes é apresentada.

Profº Marcos Fábio

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